terça-feira, 26 de abril de 2011

Lua Adversa

Tudo aqui quer me revelar, minha letra,minha roupa, meu paladar. O que eu não digo, o que eu afirmo. Onde eu gosto de ficar. Quando amanheço, quando me esqueço. Quando morro de medo do mar. Tudo aqui, quer me revelar, unhas roídas, ausências, visitas, cores na sala de estar. O que eu procuro, o que eu rejeito, o que eu nunca vou recusar ... da música: Me revelar - Zélia Duncan e C. Oyens.


Lua Adversa

Tenho fases, como a lua
Fases de andar escondida,
fases de vir para a rua...
Perdição da minha vida!
Perdição da vida minha!
Tenho fases de ser tua,
tenho outras de ser sozinha.

Fases que vão e que vêm,
no secreto calendário
que um astrólogo arbitrário
inventou para meu uso.
E roda a melancolia seu interminável fuso!
Não me encontro com ninguém
(tenho fases, como a lua...)
No dia de alguém ser meu não é dia de eu ser sua...
E, quando chega esse dia, o outro desapareceu...

Cecília Meireles

Gostaria de ter escrito esta poesia.
Porque é minha preferida, porque me descreve bem.
Tinha 13 a primeira vez que li. Sigo relendo.
Eu e minhas intermináveis fases. Não que sejam muitas,
são fases que se alternam: que vão e que vem.
num secreto calendário, inventando não sei bem por quem.
Fases de andar escondida. Fases de ir para a rua.
Fases de ser sozinha, ser de ninguém.
Fases de ser tua, mas neste dia, não é seu dia de ser meu.
E assim, não me encontro com ninguém.
quando chega neste dia, o outro desapareceu.
(tenho fases como a lua)

Nenhum comentário:

Postar um comentário