segunda-feira, 11 de abril de 2011

Para minhas amigas mais de 30 Balzaquianas

O prazer e a aflição de ser balzaquiana


Há algum tempo atrás, nas aulas de Literatura Francesa, fui apresentada ao grande escritor francês do século XIX Honoré de Balzac, autor do livro " A mulher de 30 anos", sua obra mais famosa, porém a mais fraca em termos de desenvolvimento narrativo, com personagens frágeis, e personalidades contraditórias, bastante distante da sua essência de escritor. Foi por conta dessa obra que surgiu a expressão "mulheres balzaquianas", embora poucos saibam da sua procedência.
Foi em "Mulheres de 30 anos", que pela primeira vez a mulher madura teve destaque na literatura. O autor valorizava sua beleza, experiências, pensamentos, desejos, angústias, reivindicava o direito dela ser feliz, e discutia as mazelas de um casamento fracassado, no qual a mulher estava destinada a carregar a cruz das suas obrigações sociais e legais, era prisioneira de seus deveres. Isso fez com que sua obra fosse motivo de escândalo, devido as convenções sociais da época, mas por outro lado, também conseguiu conquistar a comoção do público.

Antes de ler "A mulher de 30 anos", assim como muitos, também não conhecia a origem do termo balzaquiano, mas tinha muito receio de quando chegasse a ser uma, devido ao tom pejorativo que impregnava a palavra. Em outros tempos, ser balzaquiana significava ser solteirona, ou então casada, não mais dona de si, rainha e escrava do lar. Contudo, a expressão hoje parece ter adquirido outra conotação, pois uma mulher de 30 anos, pelo menos em algumas sociedades, já são mais independentes, casam-se tarde tarde, por opção, separam-se quando o casamento não vai bem, transam quando têm vontade, não só por amor, saem sozinhas sem se preocupar com a censura da vizinhança, são mães solteiras, e reconhecem que ainda são jovens, e com isso também podem ser atraentes. Como diz o escritor,
"uma mulher de trinta anos tem atrativos irresistíveis para um rapaz... A mulher de trinta anos pode se fazer jovem, desempenhar todos os papéis, ser pudica e até embelezar-se com a desgraça".
Para muitas mulheres, assim como eu, custa aceitar a idéia de que já são balzaquianas, principalmente para nós brasileiras, conhecidas pela vaidade. Continuamos a vestir calças jeans, usar cabelos compridos, biquinis em lugar de maiôs, bermudas, tudo que possa nos deixar mais jovens, mas sem os exageros da adolescência. Evitamos roupas que nos deixam muito senhoras, calças sociais, blazers, até aventais, mesmo dentro de casa, nos informamos sobre os últimos lançamentos em termos de cosméticos e cirurgias plásticas para quando as marcas do tempo começarem a denunciar a nossa idade. Tudo isso pode parecer futilidade, mas sem dúvida é uma forma de elevar a auto-estima feminina, visto que tudo parece girar em torno dela, seja felicidade pessoal, o sucesso profissional, os relacionamentos amorosos, os projetos de vida, a criatividade, e até a vida sexual.

Como nem tudo é um mar de rosas, a partir dos 35 anos começaremos a sentir o lado menos agradável da mulher balzaquiana: diminuição dos hormônios, mudança de pele, quedas de cabelo, dificuldade em conceber um filho, a perda do frescor da juventude. Mas que importa, se ainda temos a Melhor Idade nos esperando mais a frente?

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